Chegou a hora do transporte ferroviário no Brasil?

Em todo o mundo, os trens têm papel importante na circulação de produtos essenciais para a economia de exportação e importação dos países, além de contribuírem para uma mobilidade humana mais sustentável e prática. Você imagina qual seja o tamanho da malha ferroviária brasileira?

Infelizmente, o Brasil ainda tem muito que crescer nesta área. Se compararmos com os Estados Unidos da América que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem dimensões territoriais semelhantes às do nosso país (o Brasil tem 8.514.876 km² de extensão  e os EUA tem 9.363.520km²), em números, a diferença de extensão das linhas ferroviárias dos dois países é gigantesca. Os Estados Unidos possuem mais de 260 mil km de linhas a mais do que o Brasil, que tem apenas cerca de 29 mil quilômetros de linhas férreas.

Além do volume ser muito menor, a malha ferroviária brasileira existente é subutilizada. De acordo com o Ministério da Infraestrutura, há apenas 25% das vias em plena operação e 46% estão com o tráfego baixo. Enquanto que 29% seguem sem operação comercial.

Porém, este cenário pode estar prestes a mudar. Recentemente, o projeto de lei (PLS 261/2018) que cria o Marco Legal das Ferrovias foi aprovado no Senado e tem como objetivo facilitar processos e tornar o investimento em ferrovias mais atraente para empresas privadas.

Atualmente, a infraestrutura e o transporte ferroviários são explorados pelo regime de concessão. E um dos pontos centrais da proposta é a possibilidade de autorização à iniciativa privada para a construção e compra de ferrovias e para a exploração do transporte sobre trilhos em regime privado. A expectativa do governo é que o projeto de lei destrave R$ 80 bilhões em investimentos.

Trilhos e mobilidade humana

O sistema ferroviário esbanja eficiência e tem sido cada vez mais usado em países desenvolvidos como uma alternativa de menor impacto ambiental, não só para transporte de carga como é quase que exclusivo no Brasil. Inclusive, o transporte ferroviário tem muito a acrescentar à mobilidade humana.  Estima-se que, ao redor do mundo, 1,9 bilhão de pessoas deslocam-se diariamente sobre trilhos, sendo as ferrovias o terceiro modal mais comum de transporte no critério “distância viajada”.

Um dos motivos para estimular o uso de trilhos para viagem de pessoas entre cidades ou dentro do próprio ambiente urbano é a saúde pública. Segundo o censo de 2019 da Confederação Nacional do Transporte (CNC), foram computados 67,4 mil acidentes em rodovias federais brasileiras que resultaram em 5,3 mil mortes (o número pula para 46 mil mortes quando se fala de acidentes de trânsito em área urbana). Enquanto que apenas 907 pessoas morreram em todo o mundo em função de acidentes nos trilhos no ano de 2019.

A sustentabilidade ecológica é também outro ponto que merece atenção. Uma análise dos modos de transporte de 41 países da OCDE publicada no Journal of Transport Literature revelou que o modo ferroviário é mais eficiente ambientalmente do que o modo rodoviário.

Nós, da Transdata, ficamos contentes de ver o Brasil caminhando para uma expansão da malha ferroviária e esperamos que ela possa, no futuro, contribuir para uma mobilidade humana mais completa e acessível para todos, seja conectando cidades ou regiões mais distantes de uma região metropolitana.

Mateus Banti